Lançada em outubro, Mindhunter da Netflix tem 10 episódios e é a melhor produção do gênero lançada em muito tempo. Com atuações surpreendentes e um roteiro engenhoso, Mindhunter se torna um thriller viciante para os fãs do gênero.
A produção conta com David Fincher e Charlize Theron, que tem na bagagem filmes como Zodíaco e Monster, respectivamente. Ambos bem experientes no quesito: assassinos em série.
Mesmo que o assunto não seja o mais original no cinema e na TV há anos, Mindhunter se destaca por mostrar a base de todas as séries e filmes que conhecemos. Com inspiração no livro Mindhunter: O primeiro caçador de serial killers americano, escrito pelo agente John Edward Douglas e pelo diretor e escritor Mark Olshaker e lançado aqui no Brasil pela editora Intrínseca, a primeira temporada se passa em 1977.
John E. Douglas foi analista do FBI por mais de duas décadas e foi vanguardista em executar e analisar perfis psicológicos de criminosos de crimes brutais. Foi do trabalho de Douglas e Mark que a alcunha “Serial Killer” foi alcançada, antes deles os crimes eram chamados de “sequencias de assassinatos” ou “assassinatos sequenciais”.
A primeira temporada nos trás o curioso e destemido Holden Ford (Jonathan Gross) que se une ao exeperiente agente Bill Tench (Hold McCallany) e a pesquisadora Wendy Carr (Anna Torv) para estudar e entender assassinos seriais e traçar seus perfis psicológicos e tentar assim, prever e antecipar esses tipos de crimes. Uma pesquisa pioneira na história da policia americana e não muito incentivada pelo FBI.
Mindhunter é uma ficção baseada em fatos reais.
Na primeira temporada somos apresentados a alguns seriais americanos famosos, como o necrófilo Edmund Kemper (Cameron Britton) que atualmente está com 68 anos e cumpre prisão perpétua sem condicional na penitenciária de Vacaville, e que dá origem a pesquisa de Holden e Bill.
Diferente das concorrentes, Mindhunter é filmada sem pressa, sem quase ou nenhuma ação.
Não há sirenes em perseguição, tiroteios, situações de emboscada. A série é baseada principalmente no diálogo e na sensação de suspense. Grande parte das cenas são ambientadas ora nas penitenciárias, nas delegacias, aviões e no porão que foi relegado a nova “unidade”.
Ford é um falador nato, muito dos diálogos da série são focados nele, que não titubeia ao se abrir aos seus entrevistados para lhes ganhar a confiança.
Em uma das primeiras cenas, vemos o personagem pedir ao carcereiro para deixar de fora as algemas de Kemper para ganhar a confiança do assassino, o que lhe vem a criar um certo desconforto – que ele não pode demonstrar – quando o grandalhão se aproxima do agente e descreve, em detalhes, como sequestrou, matou e estuprou jovens estudantes e como matou, decapitou e violou o corpo de sua própria mãe.
Antes de cada abertura, somos apresentados a um personagem que não tem parte na história principal dessa temporada, o que deixa um gosto de quero mais surpreendente. O homem é mostrado em situações aparentemente inocente, e conforme o conhecimento adquirido entre Ford e Tench é mostrado – e se você tiver um pouco de conhecimento em Seriais Killers famosos – você começa a desconfiar dele. Mas nada é mostrado agora.
Mindhunter teve sua segunda temporada confirmada em abril, seis meses antes do lançamento da primeira. E todas as pontas soltas deixadas por essa temporada, além do fantástico trabalho de direção, atuação, ambientação e cenografia, fazem o trabalho para segurar o público fiel a série até o próximo lançamento.
O livro que deu origem de Mindhunter
Em detalhes assustadores, Mindhunter mostra os bastidores de alguns dos casos mais terríveis, fascinantes e desafiadores do FBI. Durante as mais de duas décadas em que atuou no FBI, o agente especial John Douglas tornou-se uma figura lendária.
Em uma época em que a expressão serial killer, assassino em série, nem existia, Douglas foi um oficial exemplar na aplicação da lei e na perseguição aos mais conhecidos e sádicos homicidas de nosso tempo. Como Jack Crawford em O Silêncio dos Inocentes, Douglas confrontou, entrevistou e estudou dezenas de serial killers e assassinos, incluindo Charles Manson, Ted Bundy e Ed Gein.
Com uma habilidade fantástica de se colocar no lugar tanto da vítima quando no do criminoso, Douglas analisa cada cena de crime, revivendo as ações de um e de outro, definindo seus perfis, descrevendo seus hábitos e, sobretudo, prevendo seus próximos passos.
Com a força de um thriller, ainda que terrivelmente verdadeiro, Mindhunter: o primeiro caçador de serial killers americano é um fascinante relato da vida de um agente especial do FBI e da mente dos mais perturbados assassinos em série que ele perseguiu.
(Intrínseca, 384 páginas – Trad.: Lucas Peterson)
No livro que deu origem a série, John Douglas conta sua experiência de 25 anos no FBI e como se tornou referência na área de análise comportamental. Com uma habilidade extraordinária, no livro ele repassa cada cena de crime em que trabalhou explicando para o leitor o perfil, métodos, hábitos e prevendo os passos dos criminosos.
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