Eu quis trazer a resenha de Amante Finalmente como primeiro post do nosso Pride Month para falar mais da história por trás do livro, do que dele em si.
Apesar de ser um livro focado em um casal homossexual, o décimo primeiro livro da saga da Irmandade da Adaga Negra é como um premio de consolação. Em 2007 quando Amante Liberto foi lançado, o grande desejo dos fãs e da própria autora é que Butch e Vishous fossem um casal.
O plot dos dois personagens, até hoje, 12 anos depois é todo construído para muito mais que a broderagem que eles tem, mas naquela época, era IMPOSSÍVEL que esse plot fosse lançado pela editora. Lógico que se tratando da fase da série, pode ter sido medo da J. R. Ward também.
A série estava no começo, vai que ela perdesse tudo que tinha construído até aquele quinto livro? Tinha também o fato de que Vishous era um personagem abertamente bissexual, mas Butch não, foi apresentado como hétero desde o primeiro livro. E esse foi sempre o freio que a autora usou, para deixar nas entrelinhas: Acho que vocês entenderam tudo errado, galera.
Descubra: A ordem de leitura da Irmandade da Adaga Negra
Havia até a galera que rejeitava essa ideia, pois a marca dos personagens masculinos da Irmandade é a virilidade e masculinidade. Aí, aí. Pois 12 anos se passaram e chegamos a Qhuinn e Blay e a Amante Finalmente.
Basicamente a mesma tensão foi usada, Qhuinn está esperando um bebê com um escolhida da qual serviu em sua necessidade e está prestes a construir a família que ele sempre quis, já que a sua o rejeitara por seus defeitos (ele tem heterocromia, um olho de cada cor, e isso para a Glymera é inaceitável).
E o pobre do Blay sempre foi apaixonado pelo amigo, também abertamente bi, ele decide dar um chega para lá nesse amor platônico não correspondido e decide ir viver sua própria vida, já que fica quase sufocado vendo o novo casal junto.
A saga da briga pelo trono da Irmandade e a guerra contra os redutores tá chegando no ápice da série e na primeira parte do livro são tantas emoções diferentes que parece que nada vai dar certo, e muito menos que os dois vão ficar juntos.
A reviravolta acontece quando Qhuinn começa a entender verdadeiramente seus sentimentos e a perceber que aquela escolha de ser heterossexual não é exatamente sua, mas da sociedade na qual ele cresceu. Por ter esse “defeito” nos olhos e por isso ser rejeitado, o soldado começa a perceber que não merece viver seguindo o padrão de uma sociedade tão fútil, enquanto reprime suas próprias ânsias e sentimentos com medo da reação dos outros.
Amar já é uma dor, se privar para não fazer o outro – que nem se importa com você realmente – doer, é ainda pior.
Descubra: As primeiras impressões sobre o último livro da saga LIAN, Voto de Sangue.
Uma das coisas que me fazem gostar tanto de Irmandade da Adaga Negra, são as alegorias que a J. R. Ward usa com a vida real. Pelas capas com homens semi nús e o enredo fantasioso, não dá para ter noção do trabalho fenomenal dessas histórias, travestido de entretenimento.
Os livros falam de aceitação, de família, de raça, de amor, de escravidão, nem sempre de uma forma perfeita, de uma forma sensível, há muitos pontos a se discutir como certas coisas foram abordadas. O próprio Amante Finalmente mesmo, pra mim ficou bastante superficial em vários momentos e atribuo isso ao fato de ser escrito pro uma escritora hétero, para um público hétero.
Mas tem seus louros, justamente por quebrar o estigma de que gays precisam ser sempre afeminados, se morldar sempre ao papel de homem e mulher da heterossexialidade. Eu adoro o fato de serem dois caras alfas fodões que ficam juntos e não mudam essa dinâmica por isso.
De todos os livros que escolhemos para o Pride Month, Amante Finalmente é o mais próximo do irreal, da literatura mesmo. Por mais que os conflitos usados no livro possam ser trazidos para vida real, ele é de fato o mais fantasioso dos títulos. E por isso mesmo eu trouxe ele primeiro, mas não chocar de cara aqueles leitores (vocês existem? Espero que não nesse blog) que ainda não entenderam que amor não tem cara, cor, religião e muito menos ORIENTAÇÃO SEXUAL.
Amante Finalmente é uma publicação da Universo dos Livros, com tradução de Cristina Togneli e revisão de Rodolfo Vidal e Viviane Zeppeline. Você pode comprar o título através do nosso link Amazon, ajudar o blog a se manter ativo e ainda aproveitar os 42% de desconto e o frete grátis.
Be Proud! Be Strong!
Já ouvi falar muito sobre esse livro, mas ainda não li.